Pesquisador adolescente ligado ao Impróprias quer ouvir professores sobre gênero e sexualidade

Postado por: Tiago Duque

Fabrício Pupo Antunes, de 15 anos, é bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior PIBIC Júnior (PIBIC-JR/CNPq/USP) ligado a UFMS e aluno do Ensino Médio no Colégio Novaescola em Campo Grande.

Em 2018, ele reuniu depoimentos de experiências positivas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul. Nesta nova pesquisa, o objetivo é recolher relatos de professores por meio do blog TransIdentidades, um blog que surgiu a partir de um projeto escolar que teve como inspiração a obra A Garota Dinamarquesa e a história de Lili Elbe, uma das primeiras pessoas a passar pela cirurgia de redesignação sexual, ainda na década de 1920.

Os depoimentos dos alunos, recolhidos na pesquisa anterior, revelaram ao jovem pesquisador o potencial acolhedor das escolas e o que as instituições têm feito em relação aos jovens que desafiam as normas impostas pela sociedade. Por isso, hoje, ele busca a participação de professores neste trabalho por meio de relatos sobre desafios e percepções em relação produção das identidades no ambiente escolar.

O projeto de pesquisa é orientado pelo Prof. Dr. Tiago Duque da UFMS e está vinculado ao Impróprias – Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças, também da UFMS, do qual Fabricio é integrante.

O trabalho de Fabrício mostrou-se tão importante que até mesmo David Ebershoff, autor do livro A Garota Dinamarquesa, tomou conhecimento do projeto e deixou um depoimento como colaborador.  “Através de sua pesquisa e bolsa de estudos, Fabricio Pupo abraçou e levou adiante o espírito de Lili Elbe. Lili foi uma pioneira transexual, lutando por seu direito de ser ela mesma. Ao fazê-lo, ela deixou um legado que continua até hoje. Fabrício está construindo. Seu trabalho combate o preconceito, expande o conhecimento e mostra a muitas pessoas o que significa ser livre.”

Os resultados dessa pesquisa serão apresentados por Fabrício ainda este ano na Universidade de Aarhus, na LGBT Danmark e na Copenhague Pride em setembro na Dinamarca. O convite foi feito pelo Prof. Georg Fisher da Universidade de Aarhus, que ficou interessado pelas pesquisas.

Como participar da pesquisa – Fabrício está trabalhando no desenvolvimento do trabalho de campo, recolhendo depoimentos, e precisa que professores de todo o estado de Mato Grosso do Sul acessem o blog e deixem seus relatos. Isso pode ser feito por meio do site www.transidentidades.com.br. Lá, os professores preenchem o formulário de participação e respondem as questões.

Poderão participar da pesquisa professores que tiveram experiências no ambiente escolar com jovens dissidentes de gênero e sexualidade em alguma escola pública ou particular no estado de Mato Grosso do Sul.

Para participar do estudo, os professores, “além de fazer o relato, responderão questões como: seu nome social ou o que deseja utilizar, o gênero e a identidade com a qual se identifica, a cidade onde ocorreu o relato, etc. Eles não serão identificados na pesquisa, nem mesmo a escola em que ocorreu as suas experiências”, explica Fabrício.

O histórico de reconhecimento dos estudos do adolescente na área de gênero e sexualidade é de destaque nacional. No ano de 2018 ganhou o primeiro lugar em Ciências Humanas na FEBRACE – USP, o prêmio de melhor projeto do estado de Mato Grosso do Sul e credenciamento para VENCES no México. Com essa premiação, foi contemplado com a bolsa do PIBIC-JR). Em julho recebeu a Menção Honrosa na 70° SBPC realizada na UFAL em Maceió-AL em reconhecimento ao mérito do trabalho e ao conjunto dos dados da pesquisa.

Ainda no ano de 2018 trabalhou no desenvolvimento da pesquisa A produção das identidades em ambiente escolar: Experiências contemporâneas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul inspiradas na obra A Garota Dinamarquesa. O projeto de pesquisa ganhou o 1º Lugar em Ciências Humanas e Sociais na FECINTEC 2018, foi premiado em 1º Lugar Categoria Geral na FETEC MS 2018 e 1º Lugar em Ciências Humanas na FEBRACE-USP 2019.